sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Farto das mesmas queixas no mesmo caderno, farto da mesma caneta que me leva ao inferno. Farto de ti, de mim, de nós contra o resto do mundo. A seleção deles é mais forte, ficaremos sempre em segundo. Eles dizem, foge foge, mas eu fico Foge foge E eu fico Cada vez mais bandido."
Depois de algum tempo para me acostumar à ideia, à ideia do poder, ou da falta dele, depois de usar e abusar do que não se deve, de estar em todo o lado, de ter muitas facetas diferentes. Depois de me entregar a quem não merece e achar-me sempre por cima de quem me condenou, andei meses sem escrever uma palavra. Foi como se alguma coisa me andasse a entupir, ou a saturar. Foram tantas coisas que vi que nem me senti tentada a falar sobre elas outra vez. Porque escrever implica sempre recordar. Também te encontrei a ti, como não. No degredo foste rei e eu acabei por te anteceder, pouco me importava o que falavam de mim, quando me achava dona da minha razão. Mas a verdade é que a minha razão é muito diferente da razão dos outros, e aprendi que não só por ser minha seria verdadeira… Conheci pessoas tristes, acho que não existe outro adjectivo que melhor se encaixe no vazio delas, no meu também. Muitas vezes olhava para elas e via-me ao espelho, e seria hipócrita da minha parte condená-las, condenar-me-ia a mim também. Mas pessoas que, apesar de me ajudarem, não quero voltar a encontrá-las mais. Depois de algum tempo sem voz, depois ver o que achei impossível acontecer, desisti. Não é este o meu caminho, ando sem dúvida enganada. E tu, eu sei bem que me vens ler, que todos os dias abres a página na esperança de algo novo, mas é como te digo, andei entupida. Tu e todas as pessoas que conheci através de ti não prestam. Não aches que me deixo enganar com palavrinhas, não aches que sou como tu só por sermos almas semelhantes. Não me venhas com histórias que sabes que não quero ouvir, por favor houvesse em mim espaço para coisas tão decadentes. Houvesse em mim lugar para outra doença que não fosse a minha.

Castigo

O teu nome é uma palavra que eu não escrevo, o teu olhar é de um mundo que eu não conheço… A tua boca tem sabor nostálgico, tira o sono e dá lugar a um poema que não quero decorar. Tu não és deste planeta, és bom demais e deliciosamente impossível de possuir, tu és amor que nunca terá o meu nome. Eu sei que queres fugir das mil maneiras diferentes que aprendi a olhar para ti, ora perturba, ora acarinha, ora odeia, ora ama. ... e tu, ora foge, ora sorri, ora desaparece, ora aparece sempre. Ora fecho os olhos e vejo-te por dentro, ou abro e vejo por fora e por dentro. Simultaneamente. Tu avarias e desconcertas o meu rumo inteiro, uma pessoa pensa que está curada, mas afinal estava só enganada. A dor é uma coisa que engana, a saudade é uma coisa louca da qual já não sei escrever. Porque tive tantas saudades que senti saudades de não as ter. É complicado, e amar dá trabalho. E tu foste, ao longo dos tempos, a única voz que eu ainda não consegui calar, a única dor que não enterrei e o único amor que amei sem nunca esquecer. Eu queria trazer-te comigo, não sei muito bem para onde, sabia antes de surgires da terra, mas agora já não quero ir a lado nenhum senão ao teu lado. Tu gozas-me, se calhar achas-me criança porque verdade seja dita, sempre me portei como uma criança. Mas quem diria que criança merece tantos anos de castigo…!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Eu sofro de acordo com o método que me foi ensinado, cansei de conversa fiada. Cansei a cabeça e a alma, precisava de adormecer por uns dias. O tempo parou e vivo anestesiada de uma doença sem cura. Tenho a cabeça a andar à roda, tenho mesmo e parece que cada dia que passa estalam guerras e morrem palavras, antes sequer de eu as ter para mim. Eu morri. Não dá para ver mas eu morri. Acho que se enfureceu o céu com a terra, e cederam todas as regras do abismo. Cederam porque são fracas. Eu não sou fraca porque eu já morri. E não há força mais forte do que a morte.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Top Tracks for Archive (lista de reprodução)

Rápido, eu não tenho pressa mas também não quero perder tempo… Enquanto ele não vem, vou vivendo assim neste meio termo, continuo a consumir e a disfarçar-me de felicidade, Vou aguentando, cada vez mais no fundo do poço, um dia o meu amor chega e atira-me uma corda, eu nunca me sentiria perdida se ele segurasse minha mão, um dia ele chega e vai-me cantar a canção segredo com palavras que eu nunca ouvi. Sim porque ele ama a música e sente as palavras como eu sinto. Vem sujo pois também se deparou com muito lixo ate me encontrar a mim, traz os olhos chorosos e as mãos com calos; morte deixa-me tranquila só mais esta noite para eu poder sonhar com o meu amor, é que eu tenho medo de dormir, de o mundo acabar e o meu amor não chegar; vem rápido, vamos viver juntos a nossa história a contra-relogio, porque eu já a escrevi mas ainda não a vivi. Morte deixa-me dormir hoje, porque eu sei que amanhã o meu amor vai chegar, e vai-me atirar uma corda. Rápido, rápido, estou-me quase a afogar. Tem passos largos e cansados, de quem correu o mundo à minha procura, mas eu estou aqui! E nós encaixamos… coleciona tatuagens como quem estima cicatrizes de uma dor que já foi curada, mas doeu enquanto durou… todo esse caminho foi duro mas ele nunca precisou de se vender à sociedade, tem coração selvagem e personalidade forte, não é falso nem hipócrita e é por isso que é o meu amor. Daí, nem me importo que traga as roupas rasgadas, e a alma a pesar toneladas, o mundo vai acabar e tudo o que nos resta é esta corrida na qual reuni-os a coragem necessária para fazer o que nos levou uma vida a planear. Todas as portas se fecharam, os semáforos estão apagados, cinzas de um mundo que não tem muito mais para dar… mas o meu amor ainda vai chegar. Anda, chega agora, atira-me a corda, antes que o mundo acabe, só para vivermos uma historia feita a contra-relógio, que eu já escrevi.