terça-feira, 29 de abril de 2014

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Esta sou eu a chegar a casa do meu trabalho. Servir um copo de whiskey e acender o charuto. Navegar umas horas pela Internet, não leio de noite. Costumo deixar para as tardes, quando vou no bus, o 81 via Slough, ouço sempre Deftones, o mesmo álbum, o mesmo livro. Ando a adiar acaba-lo pois dá-me imenso prazer descubri-lo. Sou rainha da minha vida, nunca senti verdadeiramente isto. De cabeça fresca todos os dias, não existem pessoas logo não existe merda. Eu, a tal que dependia tanto dos outros para ser feliz. Quando saio sinto a falta. É tudo tão diferente…Sabem que mais? Não importa sair à noite em Londres, senão tens um amigo com quem estar, e digo um amigo, não conhecidos. Requer-se também um pouco de partilha, mas a vida nem sempre é um mar de rosas. Descobri que se me deixar ficar, tenho muito a ganhar, a longo prazo, mas este é o meu país agora. Perguntam-me se penso em voltar. Nunca tal se me ocorreu.
Como disse, sou rainha da minha vida. Quando tenho folgas é claro que as passo longe,  volto sempre mal arranjada, dias depois, no ultimo comboio, na ultima carruagem, a contar as horas para ir trabalhar. Já ando de mochila, afinal, perdi a minha mala num parque umas semanas atras. Fui à policia, altas figuras eu lembrava-me lá do nome do parque. ‘Tava de bike, andei por todo o lado. Sei lá do parque. E da mala.
Há pessoas que acham o máximo. Os clientes do Hotel, ficam admirados por encontrarem lá funcionários de todos os cantos da Europa, menos de Inglaterra. Eu já acho normal, já os conheço pelos sotaques, alguns levam escrito na cara o país de onde vêm. As pessoas são muito óbvias. Elas nem sempre dizem o que sentem por ti, mas de uma forma ou outra elas lá vão mostrando. Às vezes lá vêm os tugas… Muito raramente, sinceramente a onda é mais USA. Os americanos são gigantes, falam como nas séries e jantam sempre duas vezes. E os brasileiros? Os brasileiros são um máximo, deixam sempre um comentário a dizer como gostaram do meu serviço. Espanha é a minha segunda casa também. Os espanhóis são de fácil compreensão, querem festa e pronto. Eles bem que andam todos engravatados, disfarçados de negócios. É vê-los no fim da noite; a mim não me enganam.

Eu tenho um plano para o mundo. No entanto, não tenho um para mim. Acho que não preciso. A vida lá acontece. Fuma-se e bebe-se. A vida acontece.

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